Os danos causados pelas actuais enxurradas agravam a fraca produtividade e produção agrícola nas bermas do rio Mulaúze, na cidade de Maputo
Trata-se de uma zona baixa que assegura a produção de hortícolas com mais destaque para couve e alface, que abastece os diversos mercados urbanos da capital, localizada entre os distritos KaMubukwana e posto administrativo do infulene, na província de Maputo.
A vala, de acordo com informações apuradas no terreno, nunca foi feita a limpeza profunda desde que se beneficiou da última manutenção, com o uso da pá escavadora, há mais de 20 anos.
“São 20 anos que passam desde a última limpeza profunda feita na vala do rio Mulaúze, desde lá algo semelhante nunca aconteceu, mas é de caracter urgente e fundamental”, recomendou Jorge Mabajua, um dos agricultores que pratica actividades agrícolas no local.
Os efeitos das intensas chuvas e o velho problema de assoreamento do rio, conjugados, resultam no abandono das actividades devido longo período de submissão dos campos.
Mas, de acordo com os campesinos daquela zona, o assoreamento da vala é a apontado como a principal causa de perdas de culturas.
Os camponeses que operam no local e têm a agricultura como fonte de renda para o sustento das suas famílias pedem auxílio das entidades competentes para a resolução do problema.
De acordo com as constatações apuradas no terreno, este cenário tem-se verificado sempre no fim do ano (Novembro e Dezembro) e no primeiro trimestre do seguinte ano.
Por isso, no período chuvoso – Dezembro, Janeiro e Fevereiro e as vezes até abril de todos os anos a produção agrícola nas bermas do rio Mulaúze, entre o Bairro Jorge Dimitrov e Posto Administrativo do Infulene, é enfraquecido.
“Ficamos sem trabalhar durante muito tempo, devido às águas que inundam as machambas. Mulaúze é única fonte de regadio que nós temos aqui, mas as condições em que se apresenta não dá jeito para trabalhar. É triste o que se verifica aqui, estamos a pedir ajuda”, apelou.
Portanto, a produção agrícola naquela baixa é deficiente, visto que grande parte da extensão do rio encontra-se abandonada devido às águas que inundaram os campos.
“Com a vala do rio obstruído não temos como trabalhar. As águas, se não encontram o caminho para passar, se desviam às machambas e dificultam o acesso aos campos, o que causa perdas avultadas de culturas submersas devido ao longo período da água estagnada”, lamentou.
Mabanjua, lamenta igualmente o facto de ter perdido um hectare de couve prestes à colheita devido à este prolema. Por isso pede intervenção do Governo na resolução do mesmo.
“O trabalho a ser feito aqui não pode ser superficial, uma vez que passa mais de 20 anos que o rio necessita de uma manutenção profunda”, confessou.
Basílio Floriano, antigo combatente e agricultor, residente no bairro de Bagamoyo, disse que o assoreamento do rio Mulaúze é o principal obstáculo da produção agrícola no local.
Floriano relata existência de zonas, ao longo do rio, que estão complemente obstruídas e não precisa da ponte para atravessar, “as pessoas saltam o rio como se saltassem uma vala de drenagem”, revelou.
O camponês, lembrou igualmente a limpeza profunda havido há cerca de 20 anos, no Governo do Presidente Samora, através da pá escavadora e que, de lá para cá, nunca mais houve.
Segundo o agricultor, há cinco anos, cerca de 2 milhões de meticais foram investidos para a limpeza e desassoreamento daquela vala, mas, o exercício foi mais para justificar o valor desembolsado, pois nada foi feito por isso o problema ainda persiste.
“Recrutaram pessoas para fazer limpeza da vala. Cada indivíduo foi pago cinco mil meticais, mas o rio necessita de uma limpeza de raiz e não superficial. Não temos ninguém que olha para nossos problemas desde que morreu Samora Machel”, lamentou.
Com uma extensão de cerca de 10km, mais de 30 grupos de Associações constituídos por mais de 250 membros praticam suas actividades naquela baixa.
A presidente da associação Eduardo Mondlane, Carlota Ubisse, diz que a produção agrícola de hortícolas na baixa do rio Mulaúze é deficiente devido à falta de apoio por parte do Governo.
“Se tivéssemos quem se preocupasse connosco não estaríamos a passar por isto. Estamos parados desde Novembro e passamos por inúmeras dificuldades para gerir despesas familiares, porque a matéria-prima de geração de renda está inacessível”, lamentou Ubisse.
Conforme revelou ao EntreCAMPOS, “são enormes as dificuldades que o camponês principalmente da província de Maputo atravessa no seu dia-a-dia.
O acesso à água para o regadio e o elevado custo de insumos agrícolas (sementes, fertilizante e pesticidas) são os problemas que mais se destacam e contribuem para a fraca produção agrícola de subsistência.